AS CAMPANHAS POLITICAS SOB AJUSTE FISCAL
Nas próximas eleições partidos e
candidatos terão de fazer um “ajuste fiscal” bem mais rigoroso e amplo que o
que se espera do governo federal para conseguir bancar os custos e fechar as
contas. Com a proibição das doações empresariais o tal de Fundo Partidário, que
é alimentado por recursos públicos se transformou na única fonte de
financiamento das campanhas eleitorais.
O problema é que – considerando os
padrões de gastos atuais, esses recursos serão insuficientes, mesmo que fossem
investidos integralmente nas campanhas. Hoje, os 867 milhões do Fundo cobririam
menos dos 20% dos custos das mais recentes campanhas municipais (de 2012).
Para equilibrar as contas, os
partidos teriam – teoricamente – algumas alternativas: mudar completamente o
formato atual das campanhas, cortar radicalmente os gastos, multiplicar as
doações de pessoas físicas ou elevar drasticamente o valor do Fundo Partidário.
Ou, ainda, uma combinação de algumas dessas medidas.
Acontece que nenhuma dessas
alternativas, ou qualquer combinação entre elas, é de fácil aplicação. O
formato atual dos programas e inserções segue, mais ou menos, o padrão, o tipo
de “programação” que as pessoas estão acostumadas a ver, seja na TV aberta ou
fechada. Uma mudança radical, destinada a reduzir os custos em cerca de 65%,
pode resultar num fracasso/rejeição da audiência que ninguém, neste momento, é
capaz de mensurar com uma mínima margem de certeza. Além disso, os cortes não
incidiriam apenas na “comunicação” de rádio e TV. Toda a estrutura das
campanhas será afetada. Multiplicar as doações de pessoas físicas também não é
uma tarefa fácil. Não temos tradição nessa modalidade de financiamento e num
contexto de altíssima desconfiança com relação aos partidos e políticos,
convencer as pessoas a colaborarem financeiramente com as campanhas dos
candidatos será uma tarefa inglória. Turbinar o Fundo Partidário, multiplicando
por – pelo menos – seis o valor atual é politicamente inviável.
Como se não bastassem os problemas
financeiros, a reforma política, tocada no varejo e de acordo com as
conveniências momentâneas de uns e outros, vai fazer com que essas eleições
sejam extremamente favoráveis para candidatos muito conhecidos e as tais
celebridades. Os novatos, pouco conhecidos, não terão nenhuma chance. O pouco
tempo para as campanhas vai favorecer ainda as acusações, verdadeiras ou não,
contra adversários. Se tiverem um mínimo de aderência, ninguém terá tempo
suficiente para se defender e voltar a ser competitivo. Candidatos a reeleição,
como um piso mínimo de aprovação, também serão beneficiados, pois os seus adversários
terão pouco espaço para críticas e ao mesmo tempo apresentarem as suas
propostas.
Enfim, serão eleições que provocarão
mudanças radicais na forma e conteúdo das tais propagandas eleitorais e nas
estruturas das campanhas. E tem todos os ingredientes para provocarem uma nova “reforma
política” para as eleições de 2018.
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