E NÃO É QUE LULA TEM RAZÃO?
Ainda que por motivos diversos, concordo com o
ex-presidente: é preciso trocar a agenda de cortes pela do crescimento, emprego
e distribuição de renda. “Eu vou para a rua defender o quê? A gente precisa
vender esperança. Qual é o futuro? A agenda não pode ser só ajuste fiscal”, tem
afirmado o ex-presidente.
É claro que – provavelmente ao contrário do que pensa o
ex-mandatário – eu continuo achando que um ajuste fiscal é necessário. Por
motivos óbvios e primários: não é possível gastar mais do que se ganha (ou se
arrecada). Não dá certo, mesmo que você seja o dono da máquina de imprimir
dinheiro. Sem lastro logo-logo o papel não vale nada. Os mais velhos, como eu,
já vivemos isso: “cortação” de zeros nas notas, salários na casa dos milhões
que não valiam nada, a impossibilidade total de saber o real valor de qualquer
produto ou serviço.
Mas, como diz o ex, ainda que por outros motivos, não se
pode ficar eternamente discutindo um “ajuste” que nunca é feito, só discutido, e
cuja única solução parece ser o retorno da tal CPMF. Sem um projeto, um projeto
de futuro, como diz o ex-presidente, a coisa toda parece estar restrita em
arrumar mais dinheiro para continuar com a gastança desenfreada.
Não é a toa que a cada dia aumentam as pressões para a saída
do ministro da Fazenda, sobre o qual tem
muita gente interessada em jogar a culpa pela crise econômica e a falta de
perspectivas. Assim a atual presidente não seria culpada de nada, no máximo
talvez, pelo engano de ter colocado o Levy como ministro da Fazenda.
Seja lá como for, que tipo de solução as autoridades decidam
adotar, o fato é que não podemos continuar indefinidamente, como ressalta o
ex-presidente, ainda que com outras intenções, discutindo um ajuste fiscal que
nunca se viabiliza e, o que é pior, completamente desconectado de qualquer
projeto de crescimento, de um plano para o futuro.
Do jeito que as coisas estão, só estamos perdendo tempo. E
tempo em economia é vital. Em vez de
continuarmos no ponto morto, como agora, estamos, com muito entusiasmo
começando a caminhar para trás. Não será a simples troca do “mão de tesoura”
como o atual ministro da Fazenda é apelidado pelos seus cada vez mais numerosos
desafetos, que resolverá os nossos problemas.
Precisamos urgentemente de um projeto. Um projeto de futuro.
Do jeito que as coisas estão vamos perder o “time” da história. Aquela conversa
de país de futuro pode se transformar rapidamente em outra: país sem futuro. E
pelo andar da carruagem, nem governo, nem oposição, ninguém, na verdade, tem
qualquer ideia viável do que temos que fazer para superar esta crise.
Preferimos ficar discutindo o sai não sai da Presidente, do cassa não cassa o
mandato de Cunha, se Levy continua ou sai... e ficamos nisso. Triste país, sem
ideias, sem perspectiva, sem nada.
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