MANIFESTAÇOES: O DISTINTO PÚBLICO SUMIU

Para felicidade geral das “esquerdas” o público rareou nas últimas manifestações, como era de se esperar. Ir às ruas protestar ou apoiar o que exatamente? Além de uma convocação em torno de ideias difusas, os organizadores não levaram em conta o cansaço das pessoas comuns com o atual estado das coisas. Sem ideias- força, sintonizadas com os sentimentos reais da população, não é possível amealhar participantes para manifestações. As pessoas vão às ruas se conseguirem enxergar objetivos concretos. E objetivos concretos estavam em falta nessas últimas manifestações.

As pessoas, com exceção daquelas “organizadas”, só vão as
ruas diante de questões graves, absolutamente claras, que lhes estejam
incomodando fortemente. E, quando acreditam sincera e inequivocamente, que a
suas presenças nas ruas pode ter o poder de mudar alguma coisa.
Aos organizadores faltou o entendimento: sem uma motivação
clara e forte manifestações de rua não atraem multidões. As pessoas estão
preocupadas com seus empregos, com o empobrecimento, com os diários escândalos
políticos, mas não acreditam que as pressões das ruas façam agora a diferença.
Quanto ao governo... sai Temer e entra quem? Qual a perspectiva real de
mudança? A sensação é que talvez, mais dia – menos dia, as coisas comecem a se
normalizar, ainda que os sinais de melhora ainda sejam tênues. Talvez seja
melhor esperar mais um pouco e ver no que pode dar.

Os brasileiros comuns estão cansados e perplexos. Mas é uma
gente acostumada a passar por inúmeros dissabores (basta lembrar de alguns
governo de antanho) e costuma apostar que passado algum tempo as coisas tendem
a melhorar. Quando afinal se derem conta de que vão ser necessários algo em
torno de uns vinte anos para voltarmos ao patamar mais recente e que, gostemos
ou não, estamos todos – e vamos permanecer por um bom tempo – mais pobres,
talvez as coisas mudem.
Por enquanto é mais ou menos a velha máxima: deixa quieto
que talvez passe.
É pagar para ver.
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