CARNE FRACA ESPETÁCULO FORTE


Já virou rotina a Polícia Federal e o Ministério Público virem a público para divulgar as suas últimas operações.  Nada contra essa ou qualquer outra investigação, mas é preciso dar um basta na espetacularização, no vazamentos sempre presentes e até mesmo na forma na forma como elas vem sendo divulgadas.

Do jeito que estão as coisas sobra munição para os envolvidos diretamente nas investigações e outros, não tão diretamente, começarem a contestar as ações da PF e MP. Com isso investigações importantes podem parar no limbo, sem avanços e punições. As duas instituições deveriam lembrar uma  divulgação, também  atrapalhada, quando munidos de um PowerPoint  tentaram demonstrar a existência de uma rede de falcatruas onde o ex-presidente Lula aparecia como chefe de quadrilha. Não resultou concretamente em nada contra o ex-presidente, mas deu a ele argumentos, legítimos, para se apresentar como vítima de perseguições.

A sociedade quer ver punidos todos os meliantes, não importa a cor do colarinho, mas não se pode, ao arrepio da lei, fazer acusações, a torto e a direito, sobre as quais não se pode provar ou que sequer estejam concluídas.

Bonitinha nos super mercados e açougues
Um bom exemplo disso é essa tal de Operação Carne Fraca. Ao que tudo indica o objetivo era o combate a funcionários corruptos do Ministério da Agricultura que estavam recebendo propinas para fechar os olhos a trambicagens dos frigoríficos. Por meio de escutas tomaram conhecimento de outras estripulias e, em vez de se assegurarem, inclusive com auxilio de técnicos, resolveram tornar tudo público, precipitadamente, comprometendo o resultado das investigações e dando força aos elementos contrários ao avanço das investigações contra a corrupção entranhada em todas as esferas públicas e privadas.

Com a credibilidade do país posta em suspeição mundo afora, não é de estranhar que inúmeros países para os quais exportamos a nossa carne e derivados, tenham suspendido a compra desses produtos à espera de informações consistentes do tais órgãos competentes. Como se não bastasse assombraram os consumidores brasileiros, com informações genéricas, sobre a possibilidade de estarmos todos consumindo carne e derivados podres e com aditivos extremamente prejudiciais a saúde.
Uma grande porcança no abate país afora

Choveram críticas, algumas sensatas e outras nitidamente defensivas. A PF deixou vazar, em óbvio off, que isso tudo seria apenas a ponta de um iceberg. Que seja, mas diante da gravidade do assunto (a saúde e bem estar de todos os brasileiros e os prejuízos incalculáveis a nossa economia) ou esperam para ter mais elementos ou divulguem tudo sobre o assunto. Afinal, como todo mundo já desconfia, no fundo do nosso poço ainda tem um alçapão.

Não são poucos, agora, os que se aproveitam do episódio para tentar anular as delações relacionadas a Odebrecht e pelo que dizem, inclusive, ministros do Supremo, que não se cansam de atuar politicamente, não será surpresa se isso acontecer.

Polícia Federal, Ministério Público, juízes de todas as instâncias, a mídia e cidadãos interessados no andamento das operações destinadas ao combate da corrupção generalizada e, quase esqueci, os políticos todos precisamos ficar mais atentos. O que menos precisamos agora é incluir a Polícia e o Judiciário no rol dos poderes que se julgam acima de qualquer crítica, que olham apenas para os seus próprios umbigos e interesses. O que menos precisamos é de motivos que coloquem em risco a limpeza que se pretende fazer no país, combatendo a corrupção no âmbito das instituições públicas e privadas. O que menos precisamos é que os órgãos à frente dessas investigações de portem como ungidos pela sociedade para fazerem qualquer coisa, sem o cuidado necessário, sem atropelar as leis e os fatos. Oxalá as duas instituições façam uma autocritica e passem a se comportar de forma mais responsável, com menos espetáculo e mais ação.

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