ARGENTINA E BRASIL: EU SOU VOCÊ AMANHÃ?
José Paulo Kupfer, se apropriou de um antigo slogan da vodca Orloff, para indagar, em artigo publicado no Estado de São Paulo, “se a experiência mais liberal que começa na Argentina será replicada aqui”.
Kupfer
lembra, com muita propriedade, que os caminhos, ou descaminhos digo eu,
econômicos e até mesmo políticos dos dois países costumam se entrecruzar ainda
que em tempos e intensidades diferentes.
Getúlio Vargas |
Ambos
passaram pela experiência, de resto extensiva dos demais vizinhos da América
Latina, dos caudilhos salvadores da pátria, nós com Getúlio, eles com Perón e por um longo período sob o jugo das ditaduras militares, as duas provocando
enormes estragos políticos e econômicos.
Recentemente
estivemos juntos com a aplicação de políticas populistas, que - se por um lado,
nos dois países - conseguiram tirar da pobreza extrema contingentes
significativos da população, por outro lado, criaram problemas econômicos e
fiscais, que estão fazendo com que esses segmentos retornem à pobreza e ao
desemprego.
Juan Perón |
Aparentemente
alinhados em termos ideológicos, ao ponto do ex-presidente Lula ter estado na
Argentina fazendo, declaradamente, campanha em prol do candidato kirchnerista e
da presidente Dilma tê-lo recebido, o mesmo não de pode dizer quando se trata
das relações econômicas entre os dois países. Nos últimos anos a Argentina só
trouxe dificuldades nesta relação, contribuindo ainda para o esvaziamento do
tal Mercosul, enquanto fazia todo o tipo de negócio com os chineses, a revelia
do bloco.
Nas
últimas eleições muita semelhança, ainda que, bem disse Kupfer em seu artigo, com os
sinais ideológicos trocados. Lá vence o opositor mais liberal, enquanto aqui
ficamos com a candidata situacionista e mais intervencionista, ainda que, lá
como aqui, a diferença dos vencedores para os vencidos tenha sido apertada, no
caso argentino de apenas 2,8%, e que ambos não conseguiram fazer maioria nos seus respectivos
Congressos.
A Argentina,
como o Brasil, grandes exportadores de commodities, se beneficiou do boom da
economia chinesa, reduzindo a pobreza e as desigualdades. Mas esta era chega ao
fim, como no Brasil, encerrando o ciclo dos avanços sociais e trazendo de volta
o desequilíbrio econômico e fiscal, o desemprego e o baixo crescimento.
Maurício Macri |
Resta
saber se as promessas de campanha de Maurício Macri se concretizarão, com a
retomada do crescimento. E aí, quem sabe, a gente possa fazer jus ao antigo
slogan da vodca Orloff, olhar para a Argentina e dizer, com certo orgulho e muita esperança: eu
sou você amanhã.
(para
ver o artigo de José Paulo Kupfer, acesse Estado de São Paulo, Economia)
Comentários
Postar um comentário