O VOTO DO MEDO PODE LEVAR AO VOTO ÚTIL JÁ NO 1o. TURNO?
O momento do ataque |
Antes do ataque ao
Jair Bolsonaro era sobre isso que pretendia escrever. Mas agora o panorama muda, completamente. O quanto, ainda não sabemos. O que tentava analisar antes eram os dois medos, que talvez viessem a preponderar e influenciar o resultado das eleições já no primeiro
turno. O medo de Jair Bolsonaro e tudo o que ele representa e o medo do retorno
do PT ao poder, que poderia resultar em um voto útil, concentrado em um
determinado candidato, que pudesse evitar uma dessas alternativas. Os mais
prováveis beneficiados seriam, em minha opinião, o Geraldo Alckmin e/ou a
Marina Silva. É possível que algo assim ainda aconteça, mas o ataque ao Bolsonaro pode mudar tudo.
Não temos
precedentes recentes no Brasil, para fazermos comparações, que nos deem alguma
pista sobre o que poderá acontecer. O atentado político mais próximo aconteceu 1988, contra o então presidente, José Sarney. Mal sucedido, ainda assim integra uma lista de não mais que que oito, sendo o primeiro em 1830, que tirou a vida de
Giovanni Battista Líbero Badaró, jornalista, político e médico italiano radicado
no Brasil, fundador do jornal O Observador Constitucional, em 1829, que
não era bem visto pelos absolutistas da época. (ver post sobre esses atentados logo aí em acima).
Em gesto característico |
No hospital: repetindo o gesto. |
De qualquer sorte
o ataque a Bolsonaro deverá influir, e provavelmente muito, no processo
eleitoral, mas cujas reais consequências são ainda difíceis de prever. O candidato da
extrema direita não poderá participar diretamente de nenhum ato durante o restante da
campanha. Não comparecerá aos debates e as ações de rua estão definitivamente
banidas da sua agenda. Continuará, no entanto, mais firme do que nunca, nas redes sociais (já está na
verdade). Por enquanto só uma coisa é certa: os ataques dos adversários terão
necessariamente que refluir e, mesmo quando voltarem, terão que ser
milimetricamente medidos e calibrados de acordo com as novas circunstâncias.
Certo, por
enquanto é que os apoiadores de Bolsonaro vão explorar ao máximo o episódio. Os
filhos do candidato não perderam tempo e já estão atribuindo o ataque ao “outro
lado”, aventando inclusive a hipótese dele se estender a outros membros da
família, para os quais exigem proteção federal, inicialmente para a mulher e a
filha mais nova de Bolsonaro. E já foram escalados para substituírem o pai nas ações de campanha nas ruas.
Já declararam, também, que Bolsonaro não participará de nenhum dos próximos debates, nem terá, como substituto o seu vice, general Mourão, pois querem que o seu lugar fique vazio, marcando, da forma mais dramática possível, a sua ausência, provocada “a força” pelo
pessoal do “outro lado”, seja lá qual for esse tal de lado.
O quanto os
eleitores serão tocados e se sentirão inclinados, eventualmente, a votar em
Bolsonaro por conta do ataque e da exploração que o candidato e seus apoiadores
farão, por enquanto só nas especulações e exercícios advinhatórios. Com a diminuição dos embates, oriundos dos adversários, Bolsonaro
ganha um espaço e uma condição nova, no combate. Com o tempo o tal de “outro lado” também deverá se tornar
mais explícito, ainda que todo mundo saiba que eles estão se referindo às forças de esquerda e em particular ao PT, que deverão reagir, no devido tempo, sob pena de assumir a
carapuça.
Enfim, por
enquanto, é difícil prever todas as consequências, o certo apenas é que o quadro
sofrerá grandes mudanças. Pesquisas e mais pesquisas terão que ser feitas,
rápidas e continuamente, para avaliar quase diariamente, as alterações no quadro político. Quem
sobreviverá, só o tempo – curto – dirá.
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