Quem é Steve Bannon, um dos “gurus” de Bolsonaro?
Governos e políticos nacionalistas, de
direita do mundo inteiro, usam com bastante competência as redes
sociais para divulgar suas ideias e, de alguma forma, contrapondo-se à mídia
tradicional, governarem.
Mídia, o alvo predileto. |
O melhor exemplo, vem dos Estados Unidos,
onde o presidente Donald Trump faz da Rede, o seu instrumento para fazer
política, defender ideias e atacar adversários, entre eles, um dos seus alvos
principais, a mídia tradicional, a qual acusa frequentemente de ser mentirosa e
divulgadora contumaz de “fakes news”.
De olho nas eleições do Parlamento Europeu |
O “estilo” Donald Trump tem seguidores mundo
afora, entre eles o nosso presidente Jair Bolsonaro. Todos praticamente seguem
as orientações e conselhos de Steve Bannon, ex- assessor de Trump, que aparentemente
perdeu a confiança do mandatário americano. Ex-militar, fundador da Cambridge
Analytica, aquela consultoria que se viu envolvida, junto com o Facebook, no
escândalo mundial de vendas de dados dos usuários para fins políticos, Bannon é
fundador do The Movement, criado por
partidos nacionalistas da Europa e já está atuando em campanhas para as
próximas eleições do Parlamento Europeu.
Com Marie Le Pen da FN |
Bannon visitou recentemente a Itália, onde
os partidos contrários ao establishment venceram as eleições gerais. Reuniu-se
com dirigentes da legenda radical alemã AfD e foi estrela no congresso da
Frente Nacional (FN), o velho partido ultranacionalista francês. “A história
está do nosso lado”, proclamou na oportunidade.
Na
Espanha Bannon ofereceu ao Vox, partido da extrema direita, “recursos
tecnológicos para usarmos as redes sociais com mensagens adequadas, testar
ideias e fazer uma campanha eleitoral ao estilo americano”. “Me disse que
estava pensando em montar um think tank na Europa para coordenar
mensagens. E que o Vox tinha que participar de algum jeito”. explicou Rafael
Bardají, ex-assessor de José María Aznar, ex-militante do PP (Partido Popular,
conservador) e atual membro da executiva do Vox.
A presença do polêmico ex-assessor de Trump em todos
esses eventos revela apenas o óbvio: a direita está se organizando, em todo o
mundo, e usando o que existe de mais moderno na tecnologia digital não só para
difundir suas ideias mas também, outra novidade significativa, para governar.
Com Bolsonaro: "conversa boa e franca". |
Bannon esteve presente também no jantar realizado pelo
governo brasileiro na embaixada em Washington, com a presença do presidente
Bolsonaro, acadêmicos e jornalistas conservadores e negou que fosse um encontro
da extrema-direita.
Foi “uma boa e franca discussão”. “Conversamos sobre
os problemas e os desafios que o Brasil enfrenta e tivemos uma boa troca de
ideias entre membros de thinks thanks, pessoas do mercado financeiro,
pensadores”.
Encontros e convescotes à parte, o que está claro é
que ao usar intensivamente as redes sociais os governantes e políticos da
direita contrapõem-se às mídias tradicionais, colocando-se como produtores e
distribuidores de conteúdo, que elas terminam sendo obrigadas a repercutirem e
assim comandam a comunicação, além de manterem os seus seguidores unidos e
agindo como propagadores das suas ideias e projetos.
No caso brasileiro mais especificamente, como bem
ressalta Marcelo Tognozzi, jornalista e consultor independente, no site
“poder360”, em artigo A ‘weaponization’ à
la Bolsonaro, é preciso levar em conta que apenas 7% dos nossos eleitores
passaram pela universidade e 67% sequer completaram o ensino médio (dados TSE).
Bolsonaro fala diretamente para este público, com baixa capacidade cognitiva,
que está se lixando para a opinião de jornalistas, comentaristas e etc.
Tognozzi chama a atenção – e eu concordo – que os
Bolsonaro e seus apoiadores são um bom exemplo da tal de weaponization
(armamento) das redes sociais, que passaram a ser vistas, entendidas e
utilizadas como um verdadeiro campo de batalha, um teatro de operações de
guerra, travada entre os opostos ideológicos.
É a campanha permanente, o confronto diário na nuvem,
com o objetivo de se manter em evidência e influenciar. E isso os Bolsonaro
estão fazendo com bastante competência. Resta saber como o embate com as demais
forças políticas se dará, se os seus adversários saberão reagir a altura. O
vencedor só o tempo revelará.
Eduardo Bolsonaro, um admirador. |
Durante
a visita do presidente ao Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, postou no Twitter: “Foi um prazer conhecer STEVE BANNON,
estrategista da campanha presidencial de Donald Trump. Tivemos uma ótima
conversa e compartilhamos a mesma visão de mundo. Ele disse ser um entusiasta
da campanha de Bolsonaro e estamos certamente em contato para unir forças,
especialmente contra o marxismo cultural”.
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