E O LADO OBSCURO DO
VALE DO SILÍCIO?
Após cinco anos, a série Silicon Valley, da HBO, ajusta-se
aos “novos tempos” e mostra agora o lado obscuro do Vale do Silício. Os antigos
heróis digitais, que só pretendiam “melhorar o mundo”, agora aparecem sendo
forçados a depor no Congresso por influenciarem eleições, desacreditarem a
verdade, monopolizarem o comércio mundial, semearem o genocídio e até mesmo
serem cúmplices do nazismo.
Exageros à parte, o que o nobre leitor
pensa sobre as redes sociais e demais “inventos” do Vale do Silício? Exagero ou
a série estaria realmente captando uma tendência sombria da indústria? Uma
sociedade cada vez mais dominada pela tecnologia, hipnotizada pelos seus
smartphones, estaria cada vez mais a mercê dessas corporações? Convém pensar.
Farhad
Manjoo, do The New York Times, em artigo sobre a
série ressalta o que ela chama de grandes questões que a Silicon Valley traz nessa sua nova fase: pode o bem coexistir com a
cobiça? É possível agir de uma forma não ética, mas com objetivos éticos? O
dinheiro arruína tudo e em que medida isso importa, quando se está falando de
bilhões e bilhões de dólares?
Nesta nova temporada o chefão da Pied Piper, fala no Congresso sobre os
esforços da sua empresa para arruinar os gigantes do Vale do Silício, como o Facebook, Google e Amazon, sob a
acusação de serem impérios que monitoram todos os movimentos de nossas vidas e
usam esses dados para lucrar. A série não perde no entanto o humor e sabe-se,
por exemplo que a própria Pied Piper
também espiona os usuários.
Independentemente das intenções dos
criadores da série e do fato de se tratar de uma peça de ficção, não é sensato
deixar de lado o poder dessas grandes corporações digitais, que – na verdade –
gostemos ou não – monitoram e obtêm vantagens utilizando os nossos dados que –
a bem da verdade – na maioria das vezes fornecemos alegremente, sem perceber as
consequências.
O mundo digital, graças às gigantescas
quantidades de dados que acumula – e é capaz de processar, o mais importante –
monitora e influencia em níveis totalmente novos as nossas vidas. As
consequências são difíceis de prever. Não possuímos sequer legislações
adequadas a este “novo mundo”. Mas se não tomarmos cuidado ele pode ser muito
mais sombrio que o mundo representado na série.
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