Quando os cidadãos
ficam convencidos que todos os políticos, de todos os partidos, são corruptos, passam a se interessar por outsiders e populistas, que surgem como soluções
fáceis para o desencanto dos eleitores. E este é o momento em que a democracia
está sob grande ameaça e pode até morrer.
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Maduro, exemplo típico de populista |
São três os
fatores que concorrem para colocar a democracia, na melhor das hipóteses, na
UTI: o descrédito dos políticos, a performance ruim da economia e a intensa
polarização das ideias. Os três são o cenário perfeito para o surgimento de
candidatos que não têm nenhum compromisso com a democracia liberal. Muito pelo
contrário, são personagens cujo ideário se baseia do “prendo e arrebento”, na
força das suas personalidades, indivíduos amantes do “deixa comigo”, que
resolvo todos os problemas, com a minha disposição e a força das minhas ideias.
E esse é exatamente o cenário em que
vivemos, às vésperas de uma eleição para presidente, governadores e congressistas.
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Trump: autoritário e perigoso |
O maior perigo para a democracia não
está nos golpes militares, nas revoluções armadas. A democracia liberal é uma
vítima fácil de presidentes e primeiros-ministros que depois de eleitos "democraticamente" desferem golpes mortais contra esta forma de governo, usando, muitas vez, como arma letal, as suas próprias instituições. E os exemplos estão aí, por todos os cantos do
mundo.
Populistas e autoritários vivem do descrédito da política e dos seus principais protagonistas. A operação Lava Jato, a
descoberta e o julgamento de boa parte das elites econômicas e políticas do
país, envolvidos até o pescoço com a corrupção, criaram um vácuo, na atividade
econômica e na política, que pode ser facilmente ocupado pelos inimigos da democracia.
O mal não está no
combate a corrupção, o mal está na criminalização de toda a atividade política,
no descrédito na opção pela democracia para através dela resolver os nossos problemas
sociais, econômicos e políticos. E este é o campo preferido, o cenário perfeito, para o surgimento e atuação dos outsiders e dos populistas.
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Adicionar legenda |
O que eles prometem no geral, cada um no seu estilo e
aproveitando a insatisfação da sociedade, é defender o povo das elites
tradicionais da política. Só depois de
eleitos (democraticamente) é que passam a agir para destruir a democracia, de certa forma enganando os seus
eleitores.
Cabe aos
partidos, aos políticos e aos membros da sociedade civil organizada se unirem,
contra os autoritários e populistas, que colocam em risco real todas as
conquistas possíveis apenas na democracia liberal. E a polarização radical, quando - sobre qualquer questão - toma-se facilmente um lado ou outro, facilita o caminho
para o surgimento dos inimigos da democracia. É preciso estar alerta e forte, como já alertava, faz tempo, a canção.
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