AINDA BOLSONARO, A GLOBO, ROBERTO MARINHO DITADOR E O ROBO EDITORIALISTA

A coisa ia lá pelo previsto, com o “time”, como a GloboNews gosta de chamar, de comentarista “apertando” o candidato, o último dos presidenciáveis entrevistados pela emissora. É nepotista, vai delegar a terceiros o comando da economia, do comércio internacional, das privatizações, é homofóbico, fascista etc.etc. O mais do mesmo. E, talvez ao contrário do que esperavam, Bolsonaro foi respondendo com calma todas as perguntas e provocações e até se saindo bem em algumas delas. 

Terminasse por aí, nada de muito novo, mas decidiram colar a pecha de “fascista” em Bolsonaro, dando início a uma dos maiores vexames dos programas de entrevistas. Reagindo o candidato perguntou, diante dos funcionários da Globo, se Roberto Marinho era um democrata ou ditador, dado o seu conhecido apoio ao golpe militar de 64, público e explicito, em editorial do jornal O Globo. 

Constrangimento geral e tiro tão certeiro que provocou um dos maiores vexames da história da
imprensa, com a competente Miriam Leitão sendo obrigada a recitar, robotizada um editorial do grupo, que lhe era passado, frase por frase pelo “ponto” de plantão da emissora. Ressalte-se que a entrevista sequer tinha sido formalmente encerrada, obrigando o entrevistado a ouvir a réplica a sua pertinente indagação, sem nenhuma chance de tréplica.

Ao contrário de muita gente acredito que meios de comunicação podem ter suas opiniões políticas, suas predileções por candidatos... e por aí afora. Mas que sejam claros. Quem ninguém tenha dúvidas sobre suas posições. Nada de fantasiar de jornalismo, nada de misturar notícia com editorial, com posicionamento ideológico.

No que diz respeito ao Bolsonaro seguramente não é este o melhor caminho para derrota-lo. Ficar taxando o candidato disso ou daquilo não leva a nada. Melhor, bem melhor, é confrontar suas ideias. As claras e com argumentos.



Veja mais os pontos altos (ou seriam baixos?) da entrevista:

Bolsonaro começou provocando ao dizer que Joaquim Barbosa foi o único da base aliada que o PT não comprou.
Acusado de nepotismo ou clã político disse que sua família não tem escândalos de corrupção.
Se classificou como uma pessoal normal, que não se deixou contaminar pelas "laranjas podres" do Congresso. E que poderia ser considerado um outsider por nunca ter participado do poder executivo.
Sobre a classificação de "mais do mesmo", argumentou que no Brasil não existem partidos políticos de verdade e que ele é dono dos seus votos e que responde por ele mesmo e não por partido que eventualmente esteja filiado, apresentando como prova o fato de ter votado inúmeras vezes contra as orientações do seu ex-partido, o PP.
Instado a responder como poderia governar desta forma, disse que Onix Lorenzoni, seu "chefe da Casa Civil"já estava conversando com vários deputados isolados, mais de cem, tudo na base programática, sem negociatas.
Na economia deixou tudo para o seu ministro, Paulo Guedes decidir. Confrontado com o fato de que ministro não blinda presidentes, já que pode ser demitido a qualquer momento, continuou firme. Disse que não tinha plano B, que confia em Paulo Guedes e que ele não é um joguete em suas mãos. Guedes, segundo ele vai comandar mesmo a economia e não jogará o país numa aventura. E ainda se deu ao luxo de defender um Banco Central independente, reconhecendo ter mudado a sua visão sobre a estratégia estatizante do regime militar.
Disse que considera um perigo os chineses estarem "comprando o Brasil" e que, portanto é preciso alguma proteção contra ações semelhantes, mas que tem a humildade de discutir isso com o seu ministro da economia. Não quer ficar refém do Marcosul e vai procurar Estados Unidos e Europa para negociar.
É contra os subsídios em geral, mas é necessário estudar caso a caso, para não quebrar empresas. Acredita que problema maior que os subsídios é a carga tributária, a taxa de juros e a falta de poder aquisitivo dos consumidores. Disse francamente que não sabe como fazer para sairmos do buraco, mas afirmou que está disposto a delegar a Guedes e sua equipe a autonomia. Citou o Chile de Pinochet, liberal na economia, como exemplo, até porque foram os doutores de Chicago, como Guedes, que permitiram o tal de “milagre econômico” chileno.
Com a cobrança de números exatos e propostas especificas, Bolsonaro se enrolou, aqui e alí, e terminou excluindo das tais privatizações a Petrobras, os Correios e o Banco do Brasil.
Das acusações de machista, homofóbico e fascista, entre outras, a confusão ficou com um lado e outro. Bolsonaro acha que as mulheres devem ganhar menos “porque engravidam” e manteve-se firme na defesa do livre mercado: quem decide o salário é o patrão.
Sobre feminicídio e correlatos, ele se saiu com essa: “Vocês preferem a lei do feminicídio no bolso ou a pistola na bolsa?”. E ainda lembrou que perder o pai ou a mãe tem valor igual. Morrem mais de 60 mil indivíduos no país, na maioria homens e jovens, mas a insistência dos jornalistas foi nos crimes contra a mulher. No caso dos chamados hediondos em geral houve concordância, com todos a favor de punições mais severas, o seja com as posições defendidas por Bolsonaro. Ficou meio estranho a concordância, mas foi.
Quando os quilombolas e índios também adentraram no debate a ideia era classificar Bolsonaro como, no mínimo preconceituoso. Mas Bolsonaro saiu-se bem ao defender para esses grups progresso e emprego. Sobre homofobia, outro tema caro aos entrevistadores, afirmou que o problema dele não é com o gay, mas com a doutrinação nas escolas e ainda achou tempo para fazer graça: "Nunca tive problema com homossexual”.Se eu fosse homofóbico não estava aqui”. E ainda se deu ao luxo de provocar: “vocês sabem se eu sou gay?”
Até aí a coisa estava fluindo, mais ou menos, segundo o figurino. Nem muito a Teco, nem muito a Tico, mas desandou quando ele puxou o tal editorial do jornal O Globo, em defesa do golpe de 64, perguntando aos funcionários da Globo se Roberto Marinho era um democrata ou ditador. Foi o seu momento de glória, de vencedor do "debate", que resultou no insólito episódio de uma entrevista ser encerrada com um editorial do entrevistado, sem direito a réplica, contestando o entrevistado. Virou meme na internet, com Miriam Leitão se esforçando para contradizer o que está devidamente registrado nas páginas do jornal.
Se for desta maneira que pretendem desestabilizar Jair Bolsonaro, é bom tirarem os cavalinhos e os editoriais da chuva.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DE QUEM É ESSE JEGUE, ESSE JUMENTO NOSSO IRMÃO?

UM SONHO DE XOXOTA EM BARRA GRANDE

ABSTENÇÃO: PROTESTO OU DESINTERESSE?