COMO O WHATSAPP INFLUENCIA ELEIÇÕES
Vivemos os tempos
das redes sociais.
Usamos os seus
aplicativos para praticamente tudo.
E, hoje, principalmente, para fazer
política. Militantes, candidatos, governantes, estão todos presentes na rede.
Para o bem e para o mal. E é por isso que precisamos, mais que nunca ficar
atentos. Muito atentos.
Nas últimas
eleições as chamadas “fake news” fizeram a festa, principalmente no WhatsApp. A
popularidade desse aplicativo é enorme no Brasil, só perdemos, talvez, para a
Índia, com penetração nos mais variados grupos
demográficos e perfis políticos.
Na verdade, a proliferação de notícias falsas não é novidade no Brasil,
incluindo aí na política. Em 2014 já era possível detectar o “fenômeno”, mas as
campanhas eleitorais ainda estavam muito baseadas nos meios tradicionais,
principalmente na força da TV, onde o tempo dos programas eleitorais fazia a
diferença.
Mas a situação mudou nessas últimas eleições e não foi por falta de
aviso. Dos Estados Unidos o recado foi claro: a boataria, a disseminação de
notícias falsas, o impulsionamento e o patrocínio de conteúdos bagunçaram a
eleição presidencial e, posteriormente, correram mundo fazendo estragos à torto e à direito.
É preciso, levar em conta, como
se dá a participação do cidadão comum neste processo, para se avaliar o impacto, principalmente
futuro, que as redes sociais têm – especialmente o WahtsApp.
Em primeiro lugar o conteúdo sensacionalista, não importa se político ou
não, tem uma adesão especial nas pessoas as quais se dirige. Ele reforça a
percepção a que os indivíduos possuem sobre determinados fatos, seja
ele verdadeiro ou falso. Trabalhando com
valores e ideias que fazem uma conexão real com os das pessoas, o conteúdo, sejam qual
for, adquire mais força, à medida em que mexe com os aspectos emocionais e
passionais do receptor das mensagens. E é por isso, também, que as notícias
“neutras” dos veículos tradicionais de informação, perdem força diante das fake
news.
Um outro fator importante é a participação. O sujeito que recebe e
retransmite um determinado conteúdo se sente participante ativo do processo. Ganha
importância, status e o poder de replicar informação. Transforma-se num
agente produtor de notícias. Mas duas outras questões devem ser levadas em
conta: o fluxo da informação e a acessibilidade.
O fluxo é acelerado. Muito conteúdo numa velocidade extremamente alta,
oriundo de inúmeras fontes, que são replicadas por outras, num crescendo sem
freios. Muita informação, muita velocidade, desestimula, checar a veracidade
dos fatos.
A outra questão, mais relacionada com a realidade brasileira, é a
acessibilidade. O acesso ao WhatsApp e ao Facebook, não depende de internet.
Ele é franqueado pela operadores de telefonia, passando assim a serem os únicos
veículos de informação que os indivíduos dispõem gratuitamente. É uma vantagem
enorme quando se leva em conta, os altos custos de acesso a internet, ainda inacessíveis
a maioria da população, que não tem meios nem disposição para a checagem das
informações.
O uso intensivo das redes sociais, nessas últimas eleições, dá pistas, e
serve de alerta, para o que se pode esperar em 2020. A melhor solução talvez
venha das próprias redes sociais, que já viram que as suas plataformas não
podem ser controladas simplesmente por algoritmos. Mas, seja como for, a forma
de fazer campanha vai mudar. Custos, legislação, organizações hierárquicas,
tudo passará por mudanças. Isso não quer dizer que os meios tradicionais
perderão totalmente a importância e que o “combate” será travado exclusivamente
pelas redes sociais, mas as mudanças serão radicais.
Uma coisa, no entanto, é certa: não será a censura, muito menos a polícia, que
poderão minimizar os efeitos devastadores do uso indevido das redes
sociais. Caberá a todos os atores do
processo um papel importante para evitar que as fakes news sejam
protagonistas das próximas campanhas. Governo, partidos políticos, comunidade
acadêmica, imprensa, associações de classe, a sociedade em geral, todos terão
que se mobilizar no combate a
desinformação.
Não será uma tarefa fácil, mas o futuro da democracia vai depender, em
muito, do que for feito.
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