ESTAS ELEIÇÕES SÃO DIFERENTES DAS DEMAIS. TODOS CONCORDAM. MAS O QUE ISTO QUER DIZER, DE VERDADE?

Muito mais que o blá-blá-blá das redes sociais
Quer dizer muita coisa, que vai além do blá-blá-blá nas redes sociais, nos posts emocionais de um lado e de outro. Temos, para começo de conversa, uma sinalização clara: estamos diante de algo novo: tem outra gente na liderança da direita brasileira e o que se convencionou chamar de “centro-direita” esfacelou-se e vai ter que repensar o seu papel na política nacional. 

Por outro lado, a esquerda, ainda presente neste segundo turno, enfrenta também um desafio recente: pela primeira vez vai enfrentar um campo completamente hostil aos seus ideários, apoiado por uma enorme parcela da população, e vai ter que decidir se continua apenas oferecendo mais do mesmo – vai se repensar – diante dessa nova realidade ou – no mínimo – fazer uma autocrítica dos erros cometidos no passado recente.

Temos ainda – e principalmente - o eleitorado, cujas manifestações, tendências e opções sinalizam coisas importantes para quem deseja conquistá-lo ou pelo menos compreende-lo. O eleitorado, uma grande parte do eleitorado, convém não tentar minimizar isso, (*) rompeu com a polarização PT e PSDB, que durou aproximadamente por 20 anos e bandeou-se, majoritariamente, para a “extrema-direita”.

NA REAL O QUE ISTO SIGNIFICA?

Significa que uma parte considerável da população não enxergou nem no
Alckmin e o PSDB, qual o futuro?
pessoal de centro-direita, nem no pessoal de esquerda a solução para seus problemas imediatos. O PSDB, foi atingido pela Lava Jato e, provavelmente o mais importante,  aderiu ao impeachment da Dilma apoiando, logo em seguida, o governo Temer, trazendo para si toda a impopularidade amealhada pela atual administração federal, que não conseguiu atender as expectativas e as necessidades do eleitorado. 

 
O PT tem que se repensar

O PT conseguiu a sua tábua de salvação na medida em que se reposicionou como oposição, após o impeachment e, aproveitando-se da impopularidade do governo Temer diminuir os desgastes provocados pela administração Dilma  e as investigações e processos da Lava Jato.  Essa sobrevivência no cenário lhe deu um desempenho parecido com o que conseguiu em 1994, bem longe do que o imaginado com as primeiras pesquisas, quando o seu presidenciável ainda era o ex-presidente Lula, mesmo que na cadeia.

ELEIÇÕES CRÍTICAS

Neste cenário o eleitor construiu, como bem lembrou o sociólogo, Antonio Lavareda, em artigo recente, o que em sociologia política chama-se de “eleição crítica”. Crítica aqui no sentido de ruptura, um momento em que se dissolvem as ligações partidárias e eleitorais e que, normalmente trazem junto, a troca nas representações ideológicas. É o que estamos vivenciando.

Um paralelo pode ser encontrado nas eleições de 1989. Saem Brizola e o
Collor: já foi o novo em 89
PDT como os representantes da esquerda e entra o PT. Mario Covas substitui Ulysses Guimarães ao centro e o “novo”, Fernando Collor, ocupa o lugar da direita tradicional, representada então pelo PFL e PDS. Nessa eleição, como a de agora, o eleitorado expressou, claramente, a sua opção pela “novidade” (Lula x Collor) e decidiu eleger a direita, que lhe pareceu, naquele momento, representar a modernidade, as soluções mais avançadas para o país seguir em frente. O desenlace pós eleitoral, em 89 e agora, são outros quinhentos.


O certo, por enquanto, é que teremos um segundo turno muito disputado. A possibilidade de Haddad superar Bolsonaro existe, mas é reduzida. Nunca houve uma virada, nessas proporções em eleições presidenciais, ainda mais num cenário onde as posições do eleitorado estejam tão consolidadas, como agora.

Os dois candidatos devem caminhar para posições mais ao centro, como de resto já está acontecendo, para conquistar  outras parcelas do eleitorado e ainda não está clara como a direita irá se organizar politicamente. Chama a atenção o fato de vários partidos (de centro-direita) estarem adotando uma posição de neutralidade, preparando-se, como é da nossa tradição, para aderir ao vencedor.

Mas seja quem for o vencedor nada será como dantes no quartel de Abrantes. Quem vencer terá que obter o apoio qualificado no Congresso para aprovar as reformas, das quais nenhum dos dois lados poderá escapar, não importa a retórica de campanha. Além disso terá que lidar, também, com o segmento da população que foi derrotado, que dificilmente assistirá de braços cruzados rumos radicalmente contrários as suas expectativas.

A ver. Tempos difíceis nos aguardam. Seja lá quem for o vencedor.


(*) Para lembrar o número de votos e não ficar minimizando os eventuais adversários: 
Bolsonaro 46% 
Haddad 29%

Diferença percentual: 17%
ou pelo DataFolha (10/10 - 19:hs)
Bolsonaro 58% 
Haddad 42%
Diferença

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