O RADICALISMO ESTÁ À SOLTA E O FUTURO É PREOCUPANTE

 Não apenas nos relacionamentos pessoais, onde o radicalismo político supera a média mundial, com 44% dos brasileiros acreditando que o país está mais perigoso do que há 20 anos, por conta das diferenças políticas, mas também por causa das mais variadas instituições com atitudes, ações e pensamentos radicais, que não admitem diálogo, não consideram o contraditório e impõem à força os seus ideários.

No livro Como as Democracias Morrem, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, chamam a atenção para o fato de que a implantação de  regimes autoritários passam, na maioria das vezes, pelos caminhos da legalidade, com o uso da legislação vigente, para justificar atos arbitrários e antidemocráticos. São caminhos trilhados tanto pelas pessoas, nos seus atos e ações particulares ou em grupos, como pelos dirigentes nas mais diversas instituições públicas.

Neste sentido as últimas ações da Suprema Corte são exemplares e ilustrativas. Tomando por base o Regimento Interno, o Supremo sai do seu papel de instituição julgadora para atuar como investigadora, censurando a imprensa, determinado apreensões de equipamentos e documentos, conduzindo uma investigação sem objeto claro, sem prazo, de forma monocrática, ao sabor das ações e dos critérios de um único ministro. Um péssimo exemplo, cujas consequências ainda não somos capazes de prever.

Por outro lado o cidadão comum, fecha-se nos seus nichos de opiniões ideológicas, com 32% dos brasileiros afirmando que não vale a pena sequer conversar com pessoas que têm visão diferente da sua, um índice que está acima do observado em nada menos que 27 países, segundo uma pesquisa do instituto Ipsos. Estamos atrás apenas da Índia e da África do Sul.

Atitudes como a da Suprema Corte, que vê ameaças reais em fanfarronices nas redes sociais e acredita que a moral dos seus membros está acima dos fatos, como matérias jornalísticas baseadas em documentos oficiais, são um péssimo exemplo e contribuem para o clima de radicalização. E assim vamos confirmando o conceito geral de que o pensamento contrário ao meu não tem nada de positivo e deve ser combatido, desestimulando completamente o diálogo, onde as pessoas e instituições não apoiam uma causa e sim o anti.

Estamos criando um cenário, incerto, dúbio, preocupante e ameaçador para o nosso futuro.

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