VIRADA DA MOBILIDADE. PARA REPENSAR O TRANSITO EM SP
Em uma cidade onde cada pessoa gasta, em média, 2 horas e 15
minutos no trânsito, que mata três motociclistas por dia e um ciclista por
semana, foi muito bem vinda a Virada da Mobilidade, que termina amanhã, dia 23, com o objetivo de discutir e
promover alternativas de locomoção mais sustentáveis e inteligentes, propondo
às pessoas repensarem o planejamento diário do trajeto casa/trabalho e se
transformarem em agentes de mudança.
A iniciativa vem em um momento em que, segundo pesquisas
recentes, a maioria dos paulistanos (61%) se diz disposta a deixar os seus
carros em casa se existir uma boa alternativa. Além disso 93% é a favor da
ampliação das faixas exclusivas de ônibus. E há até um empate para a ampliação
do rodízio para dois dias, coisa impensável se a pesquisa fosse aplicada em
tempos mais recentes. Existe inclusive
uma certa tendência na aprovação de um aumento na gasolina para subsidiar o
transporte público (45%) embora 53% ainda sejam contra.
Deixar de fato o carro na garagem ainda é, no entanto, algo difícil
de ser concretizado fora da retórica especulativa das pesquisas. O nó da questão está no tal “desde que” haja
uma boa alternativa. E como ninguém perguntou o que seria uma “boa
alternativa”, provavelmente, na prática, por mais que faixas exclusivas e
outros artifícios que sejam implantados, o paulistano deve continuar usando o
transporte individual e gastando horas e horas da sua vida no trânsito.
Em vez de apenas demonizar os carros, como fazem muitas das
autoridades, para os quais os brasileiros foram empurrados ao longo dos últimos
anos, com uma série de incentivos, pelas próprias autoridades de plantão, seria
de bom alvitre uma melhora sensível no tal de transporte público, que não se
resumisse a faixas e/ou corredores de ônibus que, até concordo são, ou deveriam
ser, emergenciais. Apenas.
Em São Paulo, pior ainda que em outras cidades, é difícil andar
de ônibus. O metrô é insuficiente e lotado nas horas de pico. E dos trens então nem
se fala. O itinerário dos ônibus deve ter sido “bolado” por algum burocrata que só anda de carro. São voltas e mais voltas para se chegar a qualquer lugar e é um
exercício de adivinhação descobrir por onde passam, de onde veem e para onde
vão. Nas paradas nenhuma indicação. Resta tentar ler, quando possível, o que vem
escrito nas laterais dos veículos, desde é claro, que o cidadão esteja na
parada certa para o destino que almeja.
Com palestras, seminários, exposições e atividades
educativas e lúdicas espalhadas pela cidade, além de um dia sem carro no
centro, a Virada da Mobilidade pode ser um bom momento para uma reflexão séria
sobre o trânsito na nossa cidade e, quem sabe, consiga encontrar soluções que
minimizem os transtornos diários que passamos para nos deslocar em São Paulo. E
tomara que as autoridades e população se inspirem em busca de medidas cada vez mais efetivas para melhorar a vida dos paulistanos, nascidos e adotivos.
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