Após derrota em 2018 o centro liberal progressista volta à cena
Grupos de
políticos, economistas e representantes de movimentos variados de renovação
começam a se movimentar para construir alternativas ao processo polarizado, que
tomou conta da cena política nacional, ressurgindo das cinzas após a fragorosa
derrota nas eleições de 2018.
O raciocínio dos
participantes desses grupos é que o Brasil carece de uma agenda liberalizante
na economia, que tenha, ao mesmo tempo, um olhar social, de redução das desigualdades,
caso se queira realmente um crescimento econômico mais amplo.
Bandeiras como
mais investimento na educação, combate à desigualdade social e a defesa da
ética na política fazem parte do ideário desses grupos, como o RenovaBR e o
Agora, por exemplo, entre outros.
Mesmo perdendo – e
feio – nas eleições presidenciais, com um dos seus expoentes, o ex-governador
Geraldo Alkmin, pontuando muito pouco, vale ressaltar que só esses dois
movimentos, citados acima, conseguiram eleger cerca de 17 parlamentares, o que
indica um campo fértil a ser trabalhado, longe da polarização excessiva entre esquerda e
direita.
Ainda que as
eleições de 2018 tenham sido totalmente atípicas, o fato é que tanto as
esquerdas, como o centro liberal saíram – para ser condescendente – muito
chamuscados da disputa, deixando um espaço que está sendo ocupado por uma
espécie de direita aparentemente liberal na economia, mas extremamente
refratária ao social.
Personagens, como o
apresentador de TV Luciano Huck, o economista Armínio Fraga, o ex-governador do
Espírito Santo Paulo Hartung e o presidente do Cidadania, Roberto Freire, são
figuras que se destacam nesta retomada liberal, devidamente detectados pelo
presidente Bolsonaro, que de olho numa hipotética reeleição, já partiu, fiel ao
seu estilo, para o ataque direto
Bolsonaro, de olho
nesses e outros personagens, abriu dados do BNDES para divulgar uma lista com os
nomes de empresários e empresas que adquiriram jatinhos executivos, com juros
financiados pelo banco, entre eles Luciano Huck e João Doria, o atual
governador de São Paulo, possíveis adversários do presidente no próximo pleito.
Todos os
personagens apostam que um projeto de centro (na a ver com o que se
convencionou chamar de “Centrão” no Congresso) passa pela análise de que a
tendência de Bolsonaro é se isolar num extremismo de direita, o que vai ficando
claro pelo fato de há oito meses no governo não ter conseguido criar uma base
partidária forte, afastando inclusive possíveis aliados, que já estariam
procurando se afastar do bolsonarismo.
Pesquisas, como as
realizadas recentemente pela CNT/MDA, por exemplo, também animam o grupo, com a
constatação do aumento do índice de desaprovação do presidente, que saltou dos
28,2% em fevereiro para 53,7%.
Falta muito, no entanto,
para o êxito da recomposição do grupo de liberais progressistas. É certo que as
condições que alçaram Bolsonaro à Presidência, dificilmente se repetirão nas
próximas eleições, dada as condições muito especiais daquele momento, mas é
certo também que, prosseguindo numa linha muito radical a direita, sem um olhar
para a gigantesca desigualdade brasileira, o atual presidente tenderá a criar
um grande abismo entre grupos muito significativos, cujo apoio e satisfação das
suas necessidades prementes são indispensáveis para eleger qualquer candidato.
Muita água ainda
para rolar debaixo da ponte, mas existe uma janela de oportunidades aberta, bem
aberta, para o surgimento de alternativas a atual polarização da sociedade
brasileira. Veremos.
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