Empregos: prefeito de NY quer cobrar “imposto sobre robôs”


Aqui, em Pindorama, a discussão sobre a perda de postos de trabalhos, substituídos por robôs ainda não prosperou apesar dos inúmeros exemplos, bem fáceis de constatar. Em outros países, nomeadamente os mais desenvolvidos, a discussão e possíveis providências já está na ordem do dia.

Qual o espaço que sobrará para os humanos?
Os arautos da automação, que eles chamam de “inovação”, insistem na mentira de que – assim como aconteceu com a “revolução industrial” – novos postos de trabalho surgirão, após algum período em que muitos deles serão fechados.

Já a turma preocupada com isso, argumenta que existem diferenças gritantes, entre essas “revoluções” no mercado de trabalho e que a automação desenfreada vai atingir um número muito maior de pessoas, principalmente nos países de baixa escolaridade e de grandes contingentes populacionais.

O fato é que a automação, com a sua ponta mais sofistica a inteligência artificial, não vai extinguir apenas trabalhos braçais e repetitivos, como gostam de alegar seus adeptos. Para ficar em apenas dois exemplos, podemos citar médicos e advogados, onde os robôs já veem sendo utilizados, no caso dos médicos, em diagnósticos e operações sofisticadas, e para “redigir” defesas e acusações no caso dos advogados. Neste último exemplo, além de vasculharem rapidamente toda a legislação pertinente, sem “esquecer” nenhum detalhe e precedentes relativos a um determinado caso, os robôs ainda são capazes de “dirigir” a causa para determinados sítios e/ou juízes (com base em julgamentos anteriores) considerando mais favoráveis às suas pretensões.

Apesar desses e de outros exemplos, a camada inicial, que sofrerá mais impacto ainda são os postos de trabalho que exigem mais músculos do que cérebros, mas é fácil notar como o uso de robôs já vai muito mais além. Bancos, sites de relacionamentos, restaurantes, comércio e prestação de serviços usam cada vez mais a inteligência artificial na suas relações principalmente com os consumidores.

A desculpa, de que com o tempo novos postos surgirão, além de ser apenas uma especulação, não leva em conta – fundamental – o tempo em que contingentes enormes de pessoas ficarão de fato desempregadas, aguardando a “chegada” desses novos postos. E então? O que fazer com essas pessoas?

Com IA sofisticada, robôs já podem prever reações humanas
Em Nova York o prefeito quer a criação de um “imposto sobre robôs”, em países escandinavos se discute a implantação de um programa de “renda mínima”, pago pelo governo, indistintamente, a toda a população, independentemente do cidadão estar ou não trabalhando.

O prefeito de Nova York, De Blasio,  sugere que, quando uma empresa usa a automação para diminuir a mão de obra, como um guindaste num porto, por exemplo, ela teria de pagar ao governo federal o equivalente a cinco anos de impostos sobre a folha de pagamento para cada trabalhador substituído pela máquina. O empregador também teria de encontrar novas ocupações com o mesmo salário para os trabalhadores – ou então teria de lhes pagar indenização. Além disso uma agência federal determinaria quais as ocupações poderiam ser eliminadas pela automação, entre outras medidas restritivas.

A proposta do prefeito é sem dúvida radical e muito difícil de ser implantada, contra qual se erguerão vozes muito poderosas. Mas é preciso, desde já, medidas acauteladoras com relação ao uso indiscriminado da automação e/ou da inteligência artificial.
No momento não existem sequer consenso sobre o número de pessoas que serão afetadas pela automação nos próximos anos.

Uma pesquisa, publicada na MIT Technology Review, por exemplo prevê que a inteligência artificial pode eliminar 47% dos empregos nos Estados Unidos e 35% dos empregos no Reino Unido até 2035. Mas, na contramão outro, promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico discorda desses números e dá como certo “apenas” 10% nos Estados Unidos e 12% na Inglaterra.

A proposta de De Blasio tem como parte negativa a possibilidade – nada desprezível – de espantar empresas e negócios, que iriam em busca de outros locais onde não existam restrições ao uso da automação ou ainda de tornarem certos investimentos pouco competitivos com relação ao seus concorrente. Proporcionar uma “renda mínima” para todos os cidadãos de determinado país também é complexa e difícil de ser implementada em países com grandes contingentes populacionais, como o Brasil, por exemplo.

Máquinas e humanos conseguirão conviver harmoniosamente?
O fato é que a automação e a sua prima rica, a inteligência artificial, vieram para ficar. Junto a possibilidade concreta de desemprego amplo e irrestrito, variando apenas – a velocidade da sua implantação – de acordo com o desenvolvimento econômico e quantidade de população dos países.

Ignorar esta realidade não fará bem a nenhum governo, a nenhum país. É preciso que se comece a discutir seriamente os benefícios e problemas que a automação trará. Deixar exclusivamente para o mundo dos negócios, o mercado, decidir pode provocar crises sociais cujo tamanho, por enquanto, é difícil de prever, mas que serão capazes de provocar caos social de monta, isso é absolutamente certo.

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