O CONTROLE DE DADOS AUMENTA O PODER DO GOVERNO SOBRE VOCÊ


Muita gente acha, equivocadamente, que o controle de dados pelo governo (este ou qualquer outro, aqui e alhures, antes que comecem) é apenas uma forma de preservar a autoridade do governante de plantão ou servir aos seus interesses imediatos. Ledo engano.

Acontece, que a partir do momento em que as informações, de certa forma ainda mais ou menos democratizadas, passam a ser centralizadas pelo governo central a administração adquire uma arma mortal para pressionar e/ou acabar com os adversários. Graúdos e miúdos.

Tomemos como exemplo algumas instituições, nossas conhecidas,  que detém informações estratégicas sobre os cidadãos deste nosso Pindorama. A Polícia Federal, além de possuir informações estratégicas, pode investigar qualquer um, centralizando dados e investigações e repassando-os, ao poderoso de plantão, de acordo com os seus interesses e de forma nada republicana. Não estou dizendo que o faz ou que está em vias de fazê-lo. É apenas um exemplo. O mesmo serve para o tal de Coaf, que tem as ferramentas para bisbilhotar a movimentação financeira de qualquer um. Junto com a Receita Federal, temos um trio perfeito para que qualquer governante use esses órgãos para defender seus aliados e detonar adversários. O Procurador Geral da República, outro órgão poderoso, seria apenas a cereja do bolo.

Ah, dirão os otimistas de plantão, mas existem o Congresso e o Judiciário, que podem frear ações desse tipo. Atenção, não é o que a realidade está insinuando. O pessoal do Supremo apequenou-se ao saber que o Coaf estava bisbilhotando a movimentação financeira de alguns dos seus membros e trataram de “cortar as asas” não apenas do Coaf, mas também da Receita Federal. Uma vitória provisória.
Ocorre que vazamentos e outras estrepolias são extremamente eficientes para demolir reputações, sem que seja necessário recorrer, oficial e publicamente, a qualquer um dos órgãos de informação. Recentemente uma lista com os nomes de todos que andaram comprando jatinhos subsidiados pela BNDES circulou por aí, com ênfase em possíveis candidatos às próximas eleições presidenciais. Deveria servir de alerta.

Independentemente de eventos ainda primários, divulgados, aparentemente mais por birra, que decorrentes de um projeto mais amplo, vale lembrar que mundo afora – bem recentemente – a manipulação de informações pessoais, não importa se positivas ou negativas, alterou resultados de eleições e o rumos da política externa de países importantes, como os Estados Unidos e a Inglaterra, onde o controle é muito rígido, para ficar em apenas dois exemplos.

Além da manipulação de segmentos importantes da sociedade, com o uso de tecnologia já disponível e da disseminação planejada de fake news, é possível, através do medo, calar opositores.

A questão aqui não é o governo de fulano ou de sicrano. A questão é que com a possibilidade de acesso a dados privados dos cidadãos, de todos os cidadãos, governos precisam ser vigiados e – mais que isso – impedidos de manipularem essas informações de acordo com os interesses do grupo de plantão no poder.  Instituições, como as citadas como exemplo, não podem ser administradas politicamente e precisam ficar sob o controle de mais de um poder de Estado. Se não forem paradas, agora, enquanto é tempo, o futuro será sombrio. Muito sombrio.

Quem quiser se informar mais sobre quanto anda a manipulação de opiniões e sentimentos dos cidadãos mundo afora, deve assistir aos documentários The Great  Hack , na versão brasileira, Nada é privado: o escândalo da Cambridge Analytica, disponível no Netflix. E tratar de colocar as barbas de molho.

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