O BRASIL PRECISA DE NOVAS LIDERANÇAS POLÍTICAS
Volta e meia a mesma cantilena: faltam
líderes na vida pública nacional. O
lamento, relativamente real, não é de hoje. Geralmente é atribuído às
consequências provocadas pelo golpe militar de 1964, que arrefeceu o
protagonismo civil. Creio, no entanto, que a questão é mais complexa, ainda que
o golpe de 64, que roubou a cena política por 21 anos, seja uma parte
importante nessa escassez de grandes (no sentido mais amplo) lideranças políticas
e sociais.
As últimas eleições colaboraram também para a escassez de lideranças políticas de projeção nacional, boa parte delas sofrendo fragorosas derrotas nas urnas, perdendo partes significativas do seu capital eleitoral e se transformando, repentinamente, em meros coadjuvantes no cenário político, condenadas a assistirem, mesmo que de camarote ao surgimento de novos atores, que – no entanto – ainda precisarão de um certo tempo para mostrarem a que de fato vieram.
Ressalte-se também os efeitos provocados
pelo Mensalão e a operação Lava Jato, que retiraram de cena inúmeras
lideranças, embora boa parte dela sem a devida qualificação, mas que plantaram
no imaginário popular, ainda que de forma indireta e longe dos seus objetivos,
a ideia de que a política é um palco de atores desonestos, que merecem a
distância e pior, o repúdio da sociedade.
Boa parte desses “novos” na política
surgiram de instituições até há pouco tempo desconhecidas/inexistentes na
política brasileira, cujos objetivos, aparentemente positivos, não estão ainda
muito claros. Milhares de pessoas, milhares mesmo, procuram essas instituições
para cursos de formação política, saindo do processo seletivo dezenas e mais
dezenas de candidatos das mais variadas tendências, que além dos cursos,
receberam orientações e recursos para suas campanhas. Boa parte deles já são
“sucesso” na atual legislatura, sendo inclusive disputados por partidos
variados, conscientes não só da quantidade expressiva de votos, como da
receptividade popular e espaço a mídia, que que receberam nesses poucos meses
de mandato.
As últimas eleições colaboraram também para a escassez de lideranças políticas de projeção nacional, boa parte delas sofrendo fragorosas derrotas nas urnas, perdendo partes significativas do seu capital eleitoral e se transformando, repentinamente, em meros coadjuvantes no cenário político, condenadas a assistirem, mesmo que de camarote ao surgimento de novos atores, que – no entanto – ainda precisarão de um certo tempo para mostrarem a que de fato vieram.
Joice Hasselmann, a cara da nova direita |
O centro político foi, praticamente
dizimado, mas a esquerda também esvaziou-se, ao recair sobre ela todas as
mazelas e desacertos praticados na política, abrindo-se uma ampla janela de
oportunidades para o surgimento de novas lideranças de direita e para os
chamados outsiders, cujo futuro, neste momento é difícil de prever.
Muito claro, também, foi o recado das
urnas, dado nas últimas eleições, clamando por uma renovação, que ainda está a
espera de lideranças de peso significativo. Mas o fato é que grande parte da
Câmara dos Deputados e do Senado são hoje compostos por parlamentares de
primeiro mandato e surpreendentemente, com desempenhos muito bons.
Duas surpresas em campos opostos: Tabata Amaral e Alexandre Frota |
A verdade é que, novos e velhos, os
congressistas de uma forma geral, estão atuando bem, corrigindo inclusive, com
bastante quantidade e sensatez os rumos erráticos do Executivo federal. Foram
eles que deram um formato positivo, melhorando, a Reforma da Previdência,
aprovaram o projeto de lei sobre abuso de autoridade e o marco jurídico das
agências reguladoras, por exemplo.
Será muito saudável, que esta renovação
atinja também os legislativos estaduais e municipais, nas próximas eleições de
2020. Toda esta cena, no entanto, não exime a sociedade de uma ampla, profunda
e permanente vigilância sobre os eleitos, já que uma democracia saudável exige
o envolvimento de toda a sociedade.
Quanto mais pessoas, preferencialmente de
diferentes opiniões políticas e dos mais variados estratos sociais, decidirem
participar da política, mais ganhos para o país e para nossas instituições.
Muito saudável será, também, que o exemplo desses novos políticos, levem ao
surgimento de lideranças comunitárias e/ou representativas dos vários segmentos
da sociedade, que poderão ajudar – e muito – na oxigenação do cenário político
brasileiro. Ganha o país, ganham os brasileiros.
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