O BRASIL PRECISA DE NOVAS LIDERANÇAS POLÍTICAS

Volta e meia a mesma cantilena: faltam líderes na vida pública nacional.  O lamento, relativamente real, não é de hoje. Geralmente é atribuído às consequências provocadas pelo golpe militar de 1964, que arrefeceu o protagonismo civil. Creio, no entanto, que a questão é mais complexa, ainda que o golpe de 64, que roubou a cena política por 21 anos, seja uma parte importante nessa escassez de grandes (no sentido mais amplo) lideranças políticas e sociais.


As últimas eleições colaboraram também para a escassez de lideranças políticas de projeção nacional, boa parte delas  sofrendo fragorosas derrotas nas urnas, perdendo partes significativas do seu capital eleitoral e se transformando, repentinamente, em meros coadjuvantes no cenário político, condenadas a assistirem, mesmo que de camarote ao surgimento de novos atores, que – no entanto – ainda precisarão de um certo tempo para mostrarem a que de fato vieram.

Joice Hasselmann, a cara da nova direita
Ressalte-se também os efeitos provocados pelo Mensalão e a operação Lava Jato, que retiraram de cena inúmeras lideranças, embora boa parte dela sem a devida qualificação, mas que plantaram no imaginário popular, ainda que de forma indireta e longe dos seus objetivos, a ideia de que a política é um palco de atores desonestos, que merecem a distância e pior, o repúdio da sociedade.

O centro político foi, praticamente dizimado, mas a esquerda também esvaziou-se, ao recair sobre ela todas as mazelas e desacertos praticados na política, abrindo-se uma ampla janela de oportunidades para o surgimento de novas lideranças de direita e para os chamados outsiders, cujo futuro, neste momento é difícil de prever.

Muito claro, também, foi o recado das urnas, dado nas últimas eleições, clamando por uma renovação, que ainda está a espera de lideranças de peso significativo. Mas o fato é que grande parte da Câmara dos Deputados e do Senado são hoje compostos por parlamentares de primeiro mandato e surpreendentemente, com desempenhos muito bons.

Duas surpresas em campos opostos: Tabata Amaral e Alexandre Frota
Boa parte desses “novos” na política surgiram de instituições até há pouco tempo desconhecidas/inexistentes na política brasileira, cujos objetivos, aparentemente positivos, não estão ainda muito claros. Milhares de pessoas, milhares mesmo, procuram essas instituições para cursos de formação política, saindo do processo seletivo dezenas e mais dezenas de candidatos das mais variadas tendências, que além dos cursos, receberam orientações e recursos para suas campanhas. Boa parte deles já são “sucesso” na atual legislatura, sendo inclusive disputados por partidos variados, conscientes não só da quantidade expressiva de votos, como da receptividade popular e espaço a mídia, que que receberam nesses poucos meses de mandato.

A verdade é que, novos e velhos, os congressistas de uma forma geral, estão atuando bem, corrigindo inclusive, com bastante quantidade e sensatez os rumos erráticos do Executivo federal. Foram eles que deram um formato positivo, melhorando, a Reforma da Previdência, aprovaram o projeto de lei sobre abuso de autoridade e o marco jurídico das agências reguladoras, por exemplo.

Será muito saudável, que esta renovação atinja também os legislativos estaduais e municipais, nas próximas eleições de 2020. Toda esta cena, no entanto, não exime a sociedade de uma ampla, profunda e permanente vigilância sobre os eleitos, já que uma democracia saudável exige o envolvimento de toda a sociedade.

Quanto mais pessoas, preferencialmente de diferentes opiniões políticas e dos mais variados estratos sociais, decidirem participar da política, mais ganhos para o país e para nossas instituições. Muito saudável será, também, que o exemplo desses novos políticos, levem ao surgimento de lideranças comunitárias e/ou representativas dos vários segmentos da sociedade, que poderão ajudar – e muito – na oxigenação do cenário político brasileiro. Ganha o país, ganham os brasileiros.

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