CLIENTES ESTÃO DISPENSANDO AGENCIAS E INDO DIRETO ÀS PRODUTORAS
Recentemente fui convidado por uma produtora, aqui de Sampa,
para fazer uma análise de pesquisas e, como consequência, um planejamento para
uma concorrência de um órgão público, nitidamente relacionada com atividades de
uma agência de propaganda.
Por conta disso terminei por me deparar com uma tendência,
creio que recente, em que – antes apenas intermediárias – as produtoras estão
desenvolvendo trabalhos sob encomenda para o cliente final, principalmente as
que estão voltadas para a produção de documentários e séries.
Para enfrentar a novidade muitas produtoras já possuem
núcleos criativos, reforçados por ex-diretores de criação de agências. Ainda que, em geral, esses núcleos se
dediquem a construção de roteiros de séries para a televisão e filmes (segmento
que hoje já se constitui na segunda fonte de renda das produtoras), o interesse
de clientes em produzir conteúdos (branded
content) criou uma nova demanda para os criativos das produtoras.
Por enquanto a questão ainda não é motivo para atritos entre
agências e produtoras, já que não estariam “roubando” o papel das agências, de
pensar em um posicionamento para as marcas.
As produtoras alegam que estão apenas numa área de produção de conteúdos
que fogem do formato de publicidade, em sua maioria voltados para as redes
sociais e meio específicos como as TVs de bordo das empresas aéreas, por
exemplo.
É um assunto que ainda vai render pano pra muita manga.
Em matéria sobre o assunto, publicada na página de Mídia
& MKP do Estadão, a Associação Brasileira de Agências de Propaganda – ABAP,
eximiu-se de comentar o assunto. E, via-se claramente, no depoimentos dos
executivos das produtoras, uma tentativa de evitar confrontos, tentando
classificar os trabalhos, que fazem diretamente para os clientes, como material
alheio as agências.
No caso da produtora que me contratou, o estratagema para
participar de uma concorrência pública foi mais claro: associou-se a uma
agência de propaganda, dividindo com ela os resultados. Mas este certamente não
será o caminho trilhado pela maioria das produtoras e é muito tênue a diferença
entre as atribuições de uma e de outra. É comentado no mercado, por exemplo, o
fato de uma produtora, depois de ter entregue a agência o trabalho encomendado
(um filme para TV) sugeriu ao cliente um documentário, como peça completar, a
ser divulgado nas redes sociais. A pergunta que ficou no ar: deveria a
produtora ter sugerido a agência? Foi legal tê-lo feito diretamente, ainda que
considerando que não se tratava de um trabalho especifico de agência?
Ou seja, nada muito claro no mercado e certamente está
criada uma saia justa, principalmente quando se sabe que boa parte, a maior
parte na verdade, do faturamento das produtoras vem das agências.
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