BRASIL: POLÍTICA EM DESORDEM, JUDICIÁRIO ENXERIDO.
O
que assistimos, nos últimos tempos, foi a degradação completa, a desmoralização
em níveis absurdos, da política nacional e do governo federal, proporcionando ao judiciário assumir um protagonismo que não lhe cabe, complicando ainda mais o cenário político econômico.
Em
frangalhos os atores políticos parecem mais preocupados em salvar a própria
pele. Não há debate, não há propostas, ninguém, absolutamente ninguém, apresenta
qualquer projeto capaz de nos tirar do atoleiro.
Os
governantes continuam impotentes, mostrando uma incapacidade extraordinária
para reagir a crise.
A
população bovinamente vê suas conquistas recentes rolarem ladeira abaixo,
enquanto seguem em passo acelerado rumo à desilusão.
Diante
do caos, como bem disse Marco Aurélio Nogueira, em artigo recente publicado no
Estadão, "o Supremo Tribunal Federal decidiu mostrar que em política não há
vácuo que perdure", que não seja rapidamente ocupado, coisa aliás, digo eu, bem
ao estilo brasileiro de judicializar todo e qualquer assunto. O
resultado não poderia ser pior. A Corte Suprema passou a agir como se fosse o
legislativo, resultando no maior esfrangalhamento do poder legislativo dos
últimos tempos.
E
assim fechamos o ano. O povo anseia por mudanças, mas não age. Quer participar,
mas não tem ideias (e as vezes me parece, incluso, disposição) de como participar
do processo.
Enquanto
isso tem gente que continua afirmando que apesar de tudo estamos bem, pois as
“instituições” estariam funcionando normalmente.
Como assim, se o
governo é de uma inépcia de fazer dó, o judiciário está decidido se intrometer em
todo e qualquer assunto, do rito do impeachment as mais simples
relações de consumo e os
partidos políticos parecem mais alienígenas recém chegados ao planeta? Se isso são as "instituições funcionando normalmente", Deus nos livre do seu funcionamento fora do normal.
Não há
debate, tudo gira em torno de um discurso meramente ideológico/religioso.
Se
não há um debate sério, uma exposição clara de ideias, um projeto de futuro
para o país, como o cidadão comum poderá se engajar nesta ou naquela corrente?
O apoio ou desaprovação fica no periférico, na raiva incontida ou na
desesperança.
Precisamos
urgentemente que a política volte a ser política, com propostas e ideias, com
homens e mulheres honestos e de coragem. O governo precisa governar, imprimir
uma direção real ao país. O Estado precisa se recompor. O mercado, a indústria,
o comércio precisam encontrar um espaço para se desenvolver, criando empregos,
renda e prosperidade.
O
que temos para 2016? Mais do mesmo? A política em frangalhos, um judiciário
enxerido, travestido de legislativo, um governo mergulhado na inércia, cuja
maior jogada foi a morte anunciada do seu ministro da Fazenda, incapaz de oferecer esperança ou qualquer
perspectiva de melhora? Um povo atordoado, com vontade de participar, mas sem
saber para que lado vai, que partido tomar, neste debate indigente que tomou
conta do país?
O
que não precisamos mesmo é um de replay de 2015. Até porque será, sem
dúvida nenhuma, uma versão piorada. No mais só resta desejar que, chegando ao
fundo do poço (sim já estamos praticamente lá), seja possível o tal de empuxo
necessário para alcançarmos a superfície. Amém.
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