ELEIÇÕES 2020: UM NOVO EMBATE ENTRE A ESQUERDA E A DIREITA?
No próximo ano milhares (milhares mesmo) de
candidatos disputarão os cargos de prefeito e vereador Brasil afora. O cenário
das últimas eleições se repetirá? Qual a influência que o presidente Bolsonaro
e a nova direita terão? Será possível, até lá, apostar no constante e cada vez
mais forte tensionamento da sociedade brasileira, divida em torcidas
apaixonadas, com o presidente fazendo de conta que tudo vai bem, deixando a caravana
da economia passar, num segundo plano, sem tempestades ou alvoroços?
Bolsonaro: "bala" para as próximas eleiçoes? |
Muita gente, de peso na política, acredita
que Jair Bolsonaro será eleitoralmente viável em 2022, mesmo que a economia não
decole. Bastaria para isso contar com o pequeno fôlego de uma redução no desemprego,
que reforçaria a ideia de que o pior já passou e que melhor mesmo é continuar
com o atual presidente e o seu “Posto Ypiranga”. A ver, mas enquanto isso, qual
a influência que Bolsonaro e seguidores exercerão nessas eleições municipais?
É quase que um consenso, entre políticos,
consultores e academia, que eleições municipais são mais restritas às questões
do dia a dia, com pouca influência ideológica. Creio que se trata de uma meia
verdade, se considerarmos o clima de torcidas apaixonadas, que tomou conta da
sociedade brasileira, antes mesmo da última eleição.
É claro que os eleitores vão considerar os
problemas diários que enfrentam em seus municípios: saúde, transporte, lixo,
educação, creches etc., mas podem entender que determinadas correntes políticas
têm mais chances de resolver os seus problemas do cotidiano que outras. A
repulsa, ao que se convencionou chamar de “velha política” , também pode ajudar
no ressurgimento dos outsiders, a busca pelo novo.
É fato que a maioria dos atuais prefeitos, principalmente
os aptos à reeleição, não estão em situação muito confortável, devendo
enfrentar eleitores muito descontentes, sejam culpados ou não pelo insucessos
das suas administrações. Os desdobramentos da Lava Jato, pelo menos nos grandes
centros, também terá alguma importância na escolha dos prefeitos, inclusive com
novos e velhos players ocupando bons espaços no cenário.
Se a economia continuar favorecendo o atual
presidente, sem dúvida que ele será um player importante, pelo menos nas
grandes cidades, mas o seu grupo político não tem na manga tantos pré-candidatos
de fato competitivos. Nos municípios menores deve prevalecer os arranjos
tradicionais, mas a realidade econômica terá sua influência, em busca de
personagens que possam melhorar a vida das pessoas nos locais onde efetivamente
moram e trabalham. Vale considerar que as prefeituras estão reféns do
desempenho econômico do País, indispensável para que cumpram minimamente os
seus papéis de administradores de serviços essenciais e criadores de oportunidades
para os munícipes.
Como curiosidade, ilustrativa do momento
atual, vale uma olhada numa última pesquisa da XP/Ipespe que mediu o potencial
dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo. A maior rejeição é do atual
prefeito (Bruno Covas – PSDB), com 57% dos entrevistas afirmando que não
votariam nele de jeito nenhum. A
deputada federal, Joice Hasselmann (PSL – líder do governo na Câmara), que
seria uma novidade no cenário paulistano, tem 44% de rejeição, ainda que conte
com um grau bem grande de desconhecimento (31%), que pode servir como alavanca
para crescimento. Mas a verdade é que o
eleitorado não anda de muito bom humor. E vai estar na economia a responsabilidade
de definir o clima e o tamanho da influência das grandes lideranças das
torcidas apaixonadas, próximas eleições, incluindo ai além do presidente, os
atuais governadores. Muita água ainda para rolar debaixo da ponte.
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