TEMPOS MODERNOS: WHATSAPP PROVOCA REBELIÃO NO LÍBANO.


O mundo pega fogo e os motivos, aparentemente muitos, no fundo, no fundo, são os mesmos. Um quarto da população (cerca de 4 milhões de habitantes) saiu às ruas do Líbano por conta, aparentemente, da imposição de novos impostos sobre o uso do WhatsApp, mas a raiz do problema está, como no resto do mundo, na avidez com que as elites políticas tomam tudo para si, deixando o resto para o resto da sociedade.

O Líbano e governado por uma elite perversa, formada por membros de famílias influentes, que dividem o poder de acordo com a força de cada um deles. No balaio de gatos, cristãos de variadas seitas, muçulmanos sunitas e drusos. E é claro que sobretaxar o WhatsApp foi apenas a ponta do iceberg, onde estavam aparentemente escondidas toneladas de insatisfações.  A questão do WhatsApp, como costuma acontecer funcionou como gatilho.


No caso do Líbano, como termina acontecendo em outras paragens, um fator novo chamou a atenção: o cansaço da população xiita com o Hezbollah e a Amal. Cartazes do líder do Amal, Nabih Berri foram rasgados em praça pública e palavras de ordem contra o chefão do Hezbollah foram ouvidas aos quatro ventos. Hassan Nasrallah mandou seus milicianos armados dispersarem a turba, mas o Exército libanês, que normalmente sumia nas manifestações desse tipo reagiu, para surpresa geral, protegendo os manifestantes, abandonando, pela primeira vez a sua lealdade aos líderes tribais.

A questão dos xiitas é importante, pois se mantinham até hoje, afastados, preocupados em se preservarem diante dos sunitas e cristãos. Talvez a Revolução do WhatsApp esteja revelando algo novo naquele país: o surgimento de uma geração que se considera em primeiro como libanesa, em detrimento dos enfrentamentos históricos das suas etnias, que nada fizeram pelo bem do país e muito menos por esses indivíduos mais novos.

No mais a lição para governantes, não importa a que países pertençam: cuidado quando apertarem demasiadamente a corda no pescoço dos menos favorecidos. As vezes tudo começa com algo assim, aparentemente desconectado, como o WhatsApp, mas as consequências são imprevisíveis. Aprenderão? Pouco provável, mas quando o pessoal do andar de baixo decide ir a forra, acreditem, não costumam ser gentis.

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