GOVERNADOR DE MINAS QUER O NOVO ALINHADO A BOLSONARO
Amoêdo: críticas ao Governo Federal |
Em entrevista ao jornal O Estado de São
Paulo, o governador mineiro, além de destoar do presidente do seu partido, João
Amoêdo, ao defender o governo Bolsonaro, ainda classificou o Novo como um partido
de direita.
Único governador da sigla, Romeu Zema afirma que
“nós somos um partido de direita, liberal” e considera o presidente como “um
patriota, que gosta do Brasil e está fazendo o possível para que o País
melhore”. O presidente do Novo não parece concordar com o governador. João
Amoêdo já fez críticas ao governo federal, afirmando que Bolsonaro está
“decrescente” e rejeitou o rótulo de “direita” para o partido Novo.
A vida do governador mineiro não tem sido
fácil e enfrenta dificuldades em constituir uma maioria na Assembleia
Legislativa, necessária para aprovar uma das suas promessas de campanha, as
privatizações, que considera vitais para colocar em ordem as finanças do
Estado. Até o momento conta com apenas 21 dos 77 deputados estaduais mineiros.
Zema, em rota de colisão com Amoêdo |
Zema considera ainda que o Novo tem sido um
partido bastante alinhado com o governo federal e não poupa elogios ao
ministério de Bolsonaro, classificado por ele como “excelente”. É neste
ministério, elogiado pelo governador, que está também um outro filiado do Novo,
o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está colocando o partido numa
sinuca de bico, ainda que de forma bastante diversa do governador.
Salles, apoiado firmemente pelo presidente |
Uma das principais novidades das últimas
eleições, o Novo ainda não conseguiu lidar com os problemas que Ricardo Salles
está a causar. O ministro já foi condenado por improbidade administrativa, em
primeira instância, embora por um crime relativamente menor, aos que já nos
acostumamos, por ter favorecido empresas de mineração, em 2016, ao acolher
mudanças feitas nos mapas de zoneamento na Área de Proteção Ambiental do Rio
Tietê.
A questão aqui, não é sobre a justeza da
condenação do ministro ou o teor das declarações do governador. Aqui, o que
chama atenção, é o fato do partido não ter aprendido ainda a lidar com as
agruras do poder, muito menos com o que podem fazer os seus filiados no poder.
A questão é que o Novo nasceu pretendo ser diferente, novo – literalmente – e
corre o risco, caso não tome providências de ser mais um do mesmo, apesar do
nome.
O único
movimento do partido, relacionado com o ministro, foram umas três frases,
bastante enigmáticas. “O Novo, afirma que é independente do governo eleito e
que seus filiados têm a liberdade de prestar serviço público, desde que não
contrariem os princípios e valores da instituição”.
O que isto
significa? Que uma vez no poder, o filiado age por conta própria, sem obrigação
de estar alinhado com o que prega o partido, “desde que não contrarie os
princípios e valores da instituição?”
Os fatos,
que o partido não está enfrentando, são claros: dois dos seus membros, que
ocupam cargos relevantes no cenário político, um governador e outro ministro,
não seguem – rigorosamente – o que prega o partido, menos ainda o que discursa o
seu presidente. Até aí nenhuma novidade, considerando-se a normalidade desses
procedimentos, em praticamente todas as agremiações políticas brasileiras, mas choca,
de alguma forma, vindas de um partido que se arvora de ser o novo na política.
O Novo, neste momento, está vivenciando o
seu choque de realidade, a diferença abissal entre o discurso de campanha e a
vida dura de quem está no poder.
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